sexta-feira, 5 de junho de 2009

“Quando a exclusão digital vai além da tela do computador”

O termo exclusão digital diz respeito às camadas da sociedade que ficaram a parte do fenômeno da sociedade da informação e do acesso às redes digitais. Como digital, entendemos não só a internet, mas qualquer ferramenta digital como computadores, DVD’s, vídeo digital, som digital e telefonia móvel.
A questão da exclusão digital é um grande desafio no século XXI, pois as desigualdades existentes entre pobres e ricos tendem a aumentar com essa era digital e a expansão das novas tecnologias. Essa exclusão digital sai do tecnológico e passa a ter efeitos em vários aspectos sociais, culturais, econômicos, etc. Um exemplo claro são os estados brasileiros. Os cinco estados com maior nível de inclusão digital são os mais ricos e com o maior nível de escolaridade (São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná e Distrito Federal). Mas nem só o acesso às mídias e tecnologias de informação é o bastante para uma participação cidadã. Além de que, a falta de acesso só faz agravar a desigualdade social. A política de inclusão digital é feita por governos, organizações multilaterais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e pelo terceiro setor com comunidades mais abastadas. Essa política procura dar às pessoas mais humildes um acesso a internet, uma maior capacitação das ferramentas digitais.
Para o filósofo francês, Pierre Lévy, “toda nova tecnologia cria seus excluídos”, pois todos estão em igualdade quando não têm acesso a uma tecnologia. Por exemplo, não existiam analfabetos antes da escrita.
A redução da exclusão digital é um termo utilizado para se tratar do contraste entre o mundo industrializado e as regiões que não têm acesso às novas tecnologias. O termo “digital” é muito ligado à internet, ao fato de que podemos nos incluir digitalmente por meio dos computadores, mas devemos pensar na possibilidade da utilização de outros meios para uma inclusão. Manuel Castells estima que “haja atualmente mais de um bilhão de usuários de internet e cerca de dois bilhões de linhas de telefone celular. Dois terços da população do planeta podem se comunicar graças aos telefones celulares, inclusive em lugares onde não há energia elétrica nem linhas de telefone fixo”. A telefonia sem fio tem grandes vantagens, como uma grande velocidade de implementação e o baixo custo quando comparada à telefonia fixa. Pesquisas mostram que um crescimento na penetração de telefonia móvel em um país aumenta o seu PIB.
Uma saída para a exclusão digital foi o crescimento econômico através de negócios sustentáveis locais para trabalhar na redução da pobreza. Economia sustentável permite a participação de diversas pessoas na sociedade global de informações.
Como uma organização multilateral, a ONU está liderando iniciativas que possam combater a pobreza nas regiões subdesenvolvidas do mundo. É através das “Metas de Desenvolvimento do Milênio” (Millennium Development Goals - MDG) e da cooperação com o setor privado que a ONU prometeu reduzir a pobreza extrema à metade até 2015, além de fomentar uma parceria global para o desenvolvimento. Através do setor privado, principalmente da ICT (Information and Communication Technology), a ONU pretende se beneficiar das novas tecnologias. Se não houver uma participação mais ativa do privado, o programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDP) acredita que as metas não serão alcançadas em muitos países africanos até o ano 2147 se mantidos os modelos de negócios atuais.
O uso das tecnologias de informação e comunicação é de extrema importância, muda o cotidiano das pessoas e a dinâmica do relacionamento existente entre elas. Só é preciso ter cuidado com os países com grandes desigualdades, como o Brasil, onde essa apropriação das novas tecnologias pode aumentar ainda mais a exclusão digital se não for feita democraticamente.