quinta-feira, 25 de março de 2010

Folhas que os ventos levam...

Rosa pensava em voltar para a Síria para rever os parentes. Sua vontade se concretizou logo depois da morte de Abraão. Seu filho José a levou a Damasco (capital síria) em 1972. “Foi uma decepção”, lembra ele. Era uma cultura parada no tempo.
Abraão morreu em 15 de junho de 1969, aos 68, por causa de sua bronquite crônica e de problemas de coração. Giselda acha que o pai morreu porque não lutou para viver. “Ao contrário de mamãe, que não queria morrer, papai meio que se entregou”, diz. Com a morte do pai, as sementes já tinham dado frutos. Rosa não conseguiu passar um dia na casa que o casal morava sem o marido, dizia que tudo a fazia lembrar-se do seu amado. Veio morar com suas filhas Maria e Giselda, que já eram casadas e estavam acomodadas em Fortaleza. Quando voltava para Quixadá, ficava na casa da filha Albertina. Não gostava de ficar sozinha.
Giselda lembra que a mãe ia à missa todos os dias, “pelos menos para comungar”. A filha considera o dia da morte da mãe como um dia muito espiritual. Foi no dia 15 de março de 1992, aos 88 anos, em Quixadá. “nesse dia mamãe estava muito mal e não pôde ir à missa”. A filha se emociona e pede ajuda à irmã Albertina para contar. A freira da igreja sentiu a falta de dona Rosa e foi em sua casa levar a comunhão. Rosa comungou e deitou-se na rede para descansar. As filhas dizem que a mãe já previa que eram seus últimos momentos. O filho Aziz, que estava presente, disse: “deixe de besteira mamãe”. Mas não era besteira. Rosa, ao deitar, fechou os olhos e foi se encontrar com Abraão.

Sementes que dão frutos...
As sementes acabaram germinando, criando frutos e fincando raízes no Ceará. A família Baquit está em sua quinta geração e os ensinamentos e valores aprendidos estão sempre sendo passados de pai para filho.

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